Balanço de 2019
O fim de um ciclo O primeiro dia nos 29!
V de Viver
Sempre fiz o balanço do ano perto do dia 31 de Dezembro. Penso que não serei a única. É quando se aproxima um novo ano que gostamos de olhar para trás e ver se cumprimos aquilo a que nos propusemos durante os fogos do reveillon. Contudo, este ano dei por mim a pensar que, para mim, faz sentido fazer esse balanço no dia do meu aniversário. Bem vistas as coisas é no dia do nosso aniversário que iniciamos um novo ano, não vos parece? Talvez seja só um devaneio meu. Mas este ano, pela primeira vez na vida, dou por mim a fazer essa análise um dia após o meu aniversário
Ontem entrei nos 29. E dou por mim a pensar que já conquistei muita coisa e que tenho outras tantas para conquistar. Sei que nunca vou estar satisfeita porque o ser humano é assim mesmo. Mas quando olho para o meu passado, para a minha história no geral e, em específico, para o ultimo ano, não consigo deixar de chorar.
O último ano foi o mais louco de todos na minha vida. Foi difícil, complexo, doloroso, exigente e longo, demasiado longo. Não sei sequer o que escrever sobre ele.
Espero que os 29 me tragam clareza, sabedoria, inteligência e resiliência para lidar com a vida. Para lidar com as pessoas, e, sobretudo, para lidar comigo.
Perdi-me algures durante 2019. Foi preciso a vida obrigar-me a parar (sim, acredito que a forma estúpida como fiz a lesão no pé só pode ter sido a vida a arranjar forma de me parar!) para eu ver que não estava no caminho certo. Para eu ver que já não era eu. E, sim, é normal. Estamos em constante mudança. Mas nunca devemos aceitar mudar para algo que não nos agrada. A pessoa triste, irritada, mal-humorada, e, acima de tudo, resmungona que substituíu a pessoa alegre, bem disposta, brincalhona e simpática que eu era não me agradou nem um pedacinho. Existia dentro de mim uma luta constante para trazer à tona a rapariga que eu era e que senti que se afogava no meio de um onda de escuridão. Não me dediquei tempo, não me dediquei atenção. Vivi, completamente, em piloto automático e isso trouxe-me problemas graves. Estava a tornar-me uma pessoa insuportável, até para mim. Sobretudo para mim. Odiei-me de cada vez que dei por mim a reclamar. Odeio pessoas reclamonas. Sempre segui o lema de: "Se não tem remédio, porque te queixas? Se tem remédio, porque te queixas?" E eu fui, durante o último ano, a pessoa que se queixava de tudo. Deixei-me levar por aquilo que achava que já devia ter. E esqueci-me de agradecer aquilo que já tenho. Foquei-me tanto, mas tanto, nos problemas que deixei de conseguir ter energia para arranjar soluções.
Não quero esquecer estes últimos doze meses porque sei, no fundo, que foi preciso chegar ao fundo do poço para tomar impulso e sair de lá. Foi um ano escuro. Muito escuro. Mas como já li algures: uma certa escuridão é necessária para ver as estrelas.
Sinto que desde que me lesionei, voltei a ser eu. Este retorno a mim não foi imediato. Não foi algo do género lesionei-me e já está, milagrosamente sou eu outra vez. Não. Nada disso. As primeiras duas semanas foram horriveis, tanto mais que, como se não bastasse tudo o resto, a minha avó faleceu. A minha avó que era como uma mãe para mim. (Mas isso fica para outro dia, outro post porque este já vai longo.) Tudo isto foi um balde de água fria. Mas um dia acordei e percebi que conseguia lidar com tudo isto. Que ainda havia uma forma de sair do fundo do poço. Tinha que haver.
E havia. Aqui estou eu outra vez. Renascida das cinzas qual fénix com vontade de viver.
Feliz aniversário para mim, e que este ano me traga a paz interior que eu sempre aspirei alcançar. Pois quando estamos em paz, o resto tanto faz.