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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Não me deixes cair

V de Viver, 31.01.20

Segura a minha mão

Com força. Mais força. 

Não a largues por nada

Eu não vou largar a tua. Ai não vou mesmo!

Não me deixes cair

Fica aqui comigo. 

Não preciso que me olhes. Podemos olhar juntos na mesma direção.

Fica ao meu lado.

Deixa-te estar. Agarra-me. Não me soltes.

Não me deixes cair.

Comigo estás seguro. Deixa-me estar segura contigo.

Dá-me a tua mão. Põe o teu braço ao meu redor.

Abraça-me. Com mais força. 

Mais, que ainda consigo sentir frio.

Deixa-te estar assim, com as mãos no meu rosto.

Toca-me o cabelo. O teu nariz. O meu nariz.

A tua boca. A  minha boca.

Deixa-te estar assim.

Segura-me.

Não me deixes cair.

V. de Viver

Dias neutros

V de Viver, 30.01.20

Sabem aqueles dias em que não estamos bem mas também não estamos mal?

Aqueles dias em que acordamos bem, mas não óptimas. Em que vamos trabalhar mas só porque tem mesmo que ser. Em que seguimos na viagem a ouvir música mas sem escutar a letra. Em que o dia passa sem nos darmos conta. Em que não houve nada de especial. Aqueles dias em que não há datas especiais a assinalar. Em que não houve novidades. Em que não havendo nada para festejar não há também, felizmente, nada a lamentar. Em que não sorrimos tanto como de costume mas também não chorámos. Em que o treino não foi grande coisa mas pelo menos ficou feito. Aqueles dias em que as tardes parecem mais longas que as manhãs. Em que almejamos ver o mar mas não nos apetece ir até ele. Em que ambicionamos por companhia mas não queremos estar com ninguém. Em que ansiamos por silêncio mas só nos apetece ouvir música alta. Aqueles dias em que não sabemos bem se queremos ver uma série, ler um livro ou escrever. Em que precisamos ir às compras mas deixamos para mais tarde, e depois o mais tarde torna-se amanhã. Aqueles dias em que está sol mas em que, constantemente, aparece uma nuvem para o esconder. Sabem? 

Hoje estou num desses dias. Nem estou bem, nem estou mal. Não estou feliz mas também não estou triste. 

Dias neutros. Dias indefinidos. Dias.

Excertos que me tocaram a alma #6

V de Viver, 29.01.20

" A vida em si já é uma forma de sofrimento. Os ricos sofrem por serem ricos. Os pobres sofrem por serem pobres. Pessoas sem família sofrem por não ter família. Pessoas com família sofrem por causa da família. Pessoas que buscam prazeres mundanos sofrem por causa dos prazeres mundanos. Pessoas que se abstêm dos prazeres mundanos sofrem por se absterem."

Mark Manson, A Arte Subtil de Saber Dizer que se F*da

Grata por ajudar

Cinco coisas pelas quais sou grata hoje

V de Viver, 28.01.20

Hoje tive um dia super cansativo. Mais emocional que fisicamente, como de resto são quase todos os dias no trabalho. Não digo isto como forma de me queixar do meu trabalho. Gosto muito daquilo que faço. Mas nem sempre é fácil lidar com tudo o que nos aparece. E torna-se ainda mais difícil quando nós não temos condições emocionais para o fazer. Também por esse motivo acredito que o ano que passou foi tão difícil.

Gosto de pessoas. Gosto de lidar com pessoas. E gosto, principalmente, de ajudar pessoas. E tenho essa possibilidade quase diarimente. Hoje foi um daqueles dias em que ajudei, em que fui um ombro amigo, em que fui gentil e em que, por causa disso, me sinto feliz.  Porque no fundo é isso a vida. O nosso caminho passa também por aí. Ajudar o próximo.

O dia foi longo, muito longo. E não foi nada fácil. Mas já está quase no fim e não posso dizer que, no geral, não tenha sido um dia positivo. 

O dia de hoje levou-me, novamente, a pensar que não tenho agradecido muito por aqui. Tenho-o feito, quase diariamente (como tinha proposto), mas num dos meus cadernos. Naquele que está na mesa de cabeceira. Sempre à mão. Para que lhe chegue rápido se precisar de desabafar, ou se tiver um daqueles momentos de "inspiração" em que me apetece muito escrever. Já me aconteceu a meio da noite, é por isso que o caderno está na gaveta da mesa de cabeceira! 

Mas hoje deixo por aqui as cinco coisas pelas quais sou grata:

1- Vi o dia nascer (posso viver esse momento todos os dias e mesmo assim não consigo deixar de me sentir grata);

2- Ajudei alguém;

3- Mesmo com o dia díficil que tive consegui meditar uns minutinhos;

4- Fui assertiva quando me criticaram sem motivo (nada de criticas construtivas porque com essas eu sei lidar bem e ainda as agradeço);

5- Cheguei bem a casa, sem contratempos. (Não agradeço este ponto tanto como devia uma vez que faço todos os dias mais de 80km e devia mesmo agradecer por correr tudo bem.)

 

E vocês, já agradeceram hoje?

Alentejo da minh'alma

V de Viver, 27.01.20

Estive um pouco ausente nos últimos dias, mas foi por um bom motivo.

Fui passar o fim de semana ao meu Alentejo. E só quem é do Alentejo é que sabe como é bom lá voltar. Na verdade, é sempre bom voltar a casa. Acredito que para todos, não apenas para mim ou para quem é do Alentejo. 

Já há uns meses que não ia lá e as saudades já eram imensas. Saudades da minha mãe, da minha irmã. Saudades da minha terra, das minhas origens. Quando era adolescente não gostava de morar no Alentejo. Vivi numa aldeia e sentia-me sufocada. As mesmas caras, as mesmas vozes, as mesmas conversas, dia após dia. Não deixa de ser engraçado o facto de ser disso que mais sinto falta. De sair à rua e cumprimentar toda a gente. De chamar as pessoas de vizinha ou vizinho em vez de as chamar pelo nome. De nos sentarmos na rua naquelas noites quentes de verão. O barulho dos grilos, dos sapos e dos carros a passar lá longe. As estrelas como cenário e por vezes a lua.

Mas se há algo que me deixa o coração doído de saudades são os meus avós. O Alentejo jamais terá o mesmo sabor após a morte deles. Já sabia disto há muitos anos. Disse-o, mais que uma vez, à minha mãe: "o dia que os avós morrerem voltar à aldeia não vai ter o mesmo sabor". Não me enganei. Não é a mesma coisa. Não é sequer possível passar à porta da casa deles sem chorar. Lágrimas de saudades. Lágrimas de quem só queria que eles fossem eternos. Mas não foram. A vida tem que continuar. E foi tão bom, mas tão bom, voltar ao colinho da mamã. Morria de saudades de estar na casa da minha mãe, da comida da minha mãe, dos serões à mesa redonda. 

É muito bom ter onde voltar. Sabe tão bem voltar aos braços da minha mãe. Sou imensamente grata por ter a mãe que tenho. Sei quem nem vale a pena escrever aqui que o que mais queria era que ela fosse eterna. Todos queremos, acredito, que as nossas mães sejam eternas. Mas se me fosse concedido um pedido, apenas um, pediria sem dúvida que a minha mãe fosse eterna.

Mas como o que é bom acaba depressa, cá estou eu de volta à minha rotina.

A vida segue. Espero que siga devagar.

Viver é tão bom. 

 

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