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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Fase Neutra

V de Viver, 27.01.21

Sempre fui uma pessoa que sente muito. Nunca gostei de coisas neutras. Sempre fui de oito ou oitenta. Ou quente ou frio. Ou gosto muito ou não gosto nada. 

Talvez por isso este últimos dias estejam a ser uma novidade. Sinto, realmente, que estou numa fase neutra da minha vida. 

Nem feliz nem triste. Nem bem nem mal. 

Estou a aprender a lidar com esta sensação de que as coisas podem, realmente, estar assim assim. Não me sinto feliz. Mas também não estou triste. E estou a aprender, também, que podemos sentir mais do que uma coisa ao mesmo tempo. O que quero dizer é que podemos, sim, estar tristes e estar felizes aos mesmo tempo. Parece loucura, eu sei. Mas é assim que me sinto por vezes. 

Estou numa espécie de limbo. Não sei para que lado me hei-de deixar cair. Não sei se devo tombar para a tristeza. Deixar-me envolver pelas merdas da vida, deixar-me cair, cair e cair lentamente, em direcção à escuridão. Ou se hei-de respirar fundo, olhar para o céu, agradecer por estar viva e tentar, a todo o custo, inclinar-me em direcção à luz. Em direcção ao futuro. E acreditar que ainda tenho muito para viver e que ainda posso, sim, ser muito feliz. 

Estou confusa. Mas não estou triste, nem tão pouco feliz. Não vejo o mundo cor de rosa. Mas também não o vejo preto. Estou numa zona cinzenta. Numa meia felicidade meia tristeza. Não vejo o copo meio vazio, nem meio cheio. Vejo apenas que há algo lá. Que há algo para onde ainda posso seguir. Que tenho que seguir. Que tenho que continuar a andar. Quero muito acreditar que, lá mais à frente, algo vai ser melhor. Que ainda vou voltar a sentir coisas boas. Que ainda vou ser feliz. 

Um dia, acredito eu, vou sair do cinza. Vou dar um passo e sair desta fase neutra. Deste assim assim. Nunca gostei de coisas assim assim. Mas talvez a vida esteja apenas a ensinar-me que podemos e temos que sentir de tudo um pouco. E que, por vezes, mesmo não sabendo o que estamos a sentir, temos apenas que seguir sentindo. 

Excertos que me tocaram a alma #17

V de Viver, 19.01.21

"Todo o momento intenso dura pouco. Não importa se acaba depois de segundos, horas ou meses, é pouco do mesmo jeito. A gente procura pela eternidade do que é bom o suficiente para ser eterno, mas tanta longevidade nunca é possível, e é por isso que damos ainda mais importância ao que nos toca com profundidade passageira"

Mila Wander, O Safado do 105

A Historia Desta Foto

Os desafios da abelha

V de Viver, 17.01.21

Mais uma vez fui desafiada pela Ana de Deus e, mais uma vez, aceitei o desafio. Desta vez o desafio é escrever a história de uma fotografia. Passem no blogue, os desafios da abelha para espreitarem a foto, assim como os outros textos escritos pelos desafiados pela Ana. 

Aqui fica o meu contributo, obrigada pelo desafio querida Ana    

"O amor que os unia era forte. Daquele que custa acreditar que exista realmente, que todos gostávamos de viver. Mas, como nem tudo na vida é um mar de rosas, eles sofriam por não conseguir multiplicar o forte amor que sentiam um pelo outro. Sofriam por todas as tentativas falhadas de criar um ser para partilhar do seu amor. Queriam muito ter um bebé, mas a vida não queria. Tentativa após tentativa, eles perdiam. Queriam muito e, por isso, não desistiam. Nunca deixaram morrer a esperança. Nunca permitiram que as constantes perdas os abalassem. Seguiam tentando, com fé e com todo o amor que os unia ficando mais forte a cada tentativa e a cada perda. Até que um dia a esperança, a fé e o amor venceram. Contra todas as possibilidades, num dia quente de Primavera, enquanto esperavam mais uma notícia triste, mais uma falha, mais dor e mais perda, o médico deu-lhes a novidade: eram dois, e finalmente chegariam. A felicidade que carregam, juntos, é visível na fotografia. O amor que os une ficou ainda mais forte. Pronto para ser partilhado e multiplicado, mostrando ao mundo que o amor e a esperança podem vencer tudo."

Circulo Fechado

V de Viver, 15.01.21

Já alguma vez sentiram o fim de um ciclo dentro de vocês? Uma sensação de paz, de que uma ponta se uniu à outra, o início unindo-se ao fim. Uma sensação, quase física, de que algo se fechou realmente. Já foram surpreendidos por essa experiência?

Hoje, depois da minha corridinha, decidi dar uma caminhada pela praia. Quase todos os dias o faço, mas hoje, provavelmente por estar um sol fantástico e uma temperatura agradável, apeteceu-me descalçar as sapatilhas e sentir a areia nos pés. E foi aqui, na minha praia, ouvindo a melodia do mar juntamente com a voz da Giulia Be que tocava nos meus fones. Foi aqui, a sentir a areia fria nos pés nus, a recolher conchas e a ver no horizonte o céu a unir-se ao mar. Foi aqui que senti algo a mudar dentro de mim. Algo a chegar ao fim. Algo a desenhar um círculo fechado. A transmitir-me a mensagem de que chegou ao fim mais um ciclo. De que está na hora de deixar para trás o passado. De que está na hora de abandonar a ilusão de que algo voltará a ser o que já foi. Porque nada volta a ser o que já foi. Porque a vida é feita de escolhas, de ciclos que se fecham e de outros que se abrem. Porque nós estamos em constante mudança e, claramente, não somos hoje a mesma pessoa que fomos ontem. Foi aqui, num dos meus sítios preferidos, que percebi que está na hora de seguir. Sim, a vida continuou a seguir todos os dias, mas refiro-me a seguir mesmo. A abandonar o que não foi e eu queria que tivesse sido. A deixar para trás o que não me serviu. A secar as lágrimas, levantar-me, passar as mãos nos joelhos esfolados pela queda, erguer a cabeça e seguir. Seguir de verdade. Seguir a minha vida, renovar os sonhos, viver um dia de cada vez. Mas faze-lo de coração leve. Em paz. Com a certeza de que fiz tudo o que poderia ter feito, de que dei o meu melhor, de que amei com cada partícula do meu corpo. Enquanto escrevo estas palavras sigo ainda na areia húmida e fresca. Em paz. Com a certeza de que o que aconteceu foi, exatamente, o que deveria ter acontecido. Assim como o que não aconteceu não era, certamente, para ter acontecido.

Fugaz

V de Viver, 14.01.21

Devagar, devagarinho. Um dia de cada vez, um momento de cada vez, percebes que a vida, afinal, sabe mesmo o que faz. Que ela sabe mesmo o que é o melhor para ti. Nunca, no momento em que passamos pela dor, seja ela qual for, conseguimos perceber que a vida está a levar-nos onde precisamos. Que a vida está a ensinar-nos algo, a tornar-nos em pessoas melhores, mais fortes e mais capazes.

Hoje, num fugaz momento, tive a certeza que a vida sabe o que faz. Aqui, sentada no meu sofá, coberta por mantas quentinhas que me protegem do frio, de dentro e de fora, com um livro nas mãos, a apreciar a limpeza que acabei de fazer na minha casa, tive a certeza de que estou, exatamente, onde devia estar. Voltei a ter a sensação de que nada me falta. É aqui que sou feliz. É na solidão que me encontro. É desta paz que preciso, deste sossego. Nada nos pode fazer melhor e pior do que nós mesmos. Nada pode ser a causa ou a cura de tudo tão bem quanto os nossos pensamentos. 

Ainda assim tenho a certeza de que, embora neste breve momento tenha sido presenteada por esta sensação de que está tudo certo, de que tudo está no devido lugar, ainda terei muitos momentos em que vou estar triste. Ainda vou dar por mim, muitas vezes, a pensar em tudo o que poderia ter sido diferente, em tudo o que me falta, em tudo o que sonhei que seria de outra forma. Mas espero, com todo o meu coração, que nesses momentos de guerra comigo mesma, eu tenha a capacidade de perceber que nada dura para sempre. Nem a dor, nem a felicidade, nem o amor, nem a vida. 

Genuína Solidão

V de Viver, 10.01.21

Dez.

Passaram dez dias desde o inicio do novo ano. E eu já li três livros, num total de, aproximadamente, 1640 páginas!

Adoro ler. Nunca escondi isso, nem de mim, nem dos outros. Mas não consigo deixar de pensar que, neste momento, estou a usar a leitura como evasão. Como um meio de escapar a toda a dor que vive dentro do meu peito. Como uma forma de viver vidas que não sejam a minha. Como meio de fuga a tudo o que está errado.

É fácil perdermos-nos. É difícil voltar a encontrar quem éramos.

Será que quando nos voltamos a encarar, somos realmente os mesmos? Serei a mesma pessoa que era na última vez que olhei para dentro?

A solidão continua a fazer-me companhia, assim como as palavras dos mais variados escritores. Chego até a pensar que, quem inventou os livros, devia ser um ser solitário. 

O prazer da leitura é algo difícil de igualar. Acredito que só quem ama ler poderá encontrar sentido nas minhas palavras. Mas ler, realmente, transporta-nos para outros mundos. Faz-nos sonhar muito além do que imaginámos ser humanamente possível. Poucas coisas no mundo me fazem viajar como um bom livro. Aquela sensação de nos colocarmos, exatamente, onde e como o escritor descreve, o viver intensamente a história das personagens, o desejar o melhor para eles e, muitas vezes, desejar sê-los. 

Durante muito tempo questionei-me se seremos seres solitários. Vivi com essa dúvida porque sei que, no fundo, o ser humano é um ser social. Contudo, hoje mais do que nunca, tenho a certeza de que somos, sim, seres solitários. Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Pelo meio vivemos pequenas, mas intensas, ilusões de que alguém nos pertence e de que pertencemos a alguém. De que temos alguma coisa nossa. Mas a única coisa que possuímos, realmente, é nós mesmos. 

E, mesmo cientes disso, fugimos de nós. Por vezes durante a vida toda. Fugimos da dor, do que ela nos faz sentir. Fugimos de nós como quem foge da morte, sem nos darmos conta de que fugir de nós é também uma forma de morrer. Lentamente. 

Talvez o que todos precisemos seja solidão. Aprender a lidar com ela. Aprender a lidar connosco. Afinal de contas, tudo o que nos resta somos nós mesmos. 

Receita para uma vida saudável

Os desafios da Abelha

V de Viver, 05.01.21

Quando criei este blogue não sabia nada deste mundo da blogosfera. Entretanto, e já por várias vezes, escrevi aqui que isto é fantástico e que se conhecem pessoas maravilhosas e super inspiradoras.

Ana de Deus é uma delas! 

Como já é costume (quem a conhece sabe bem, quem não conhece deve correr agora para o blogue dela porque é maravilhoso) ela costuma desafiar-nos a escrever. Não tenho aderido tanto quanto gostaria (e devia) mas hoje deparei-me com o desafio Receitas para uma vida saudável e não resisti em participar.

Querida Ana, obrigada por nos desafiares. Aqui fica a minha receita em 20 palavras:

 

Rir.

Chorar.

Cantar.

Falar.

Amar.

Muito.

Olhar o mar, o sol, o céu, as estrelas e a lua.

Sentindo-os.

Excertos que me tocaram a alma #16

V de Viver, 04.01.21

"A vida não é generosa. Para nenhum de nós, no final. Ela coloca peso nos nossos ombros, dificulta os nossos passos. Destrói as coisas que nos são caras e endurece as nossas almas com arrependimento. Não há vencedores na vida. A vida trata-se, em última instância, de perda: da juventude, da beleza. Acima de tudo, porém, das pessoas que você ama. Às vezes acho que não é a passagem dos anos que de facto nos envelhece, mas a passagem das coisas e pessoas queridas. Esse tipo de envelhecimento não pode ser suavizado com agulhas nem disfarçado com preenchimentos. A dor transparece nos olhos. Olhos que viram demais sempre denunciarão os sentimentos."

 

C. J. Tudor, O que Aconteceu com Annie