Acredita, sempre!
Da saga: dias memoráveis
Gratidão
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Tudo o que não consigo dizer, escrevo.
Tudo o que não consigo dizer, escrevo.
Gratidão
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A paz de quem já não espera nada de ninguém. De quem já não acredita em palavras. De quem já não consegue confiar nos outros, não a 100% pelo menos.
De quem sabe que está sozinha e se sente feliz com isso. De quem não espera uma chamada nem uma mensagem.
De quem não espera gratidão pelos seus actos e ainda menos espera reciprocidade.
Cada um dá o que tem. Nem todos têm amor. É triste, mas é a realidade.
A paz de quem já não tem interesse em amizades ou amores rasos e fúteis. De quem encontrou, finalmente, o amor verdadeiro. O próprio.
A paz de quem já não espera por companhia para beber um café, ou um copo de vinho. De quem já não prepara um jantar especial apenas quando tem alguém para o partilhar. De quem já não se veste para agradar os outros mas apenas a si mesma.
A paz de quem já não se importa com a opinião dos outros, com o que eles sabem ou julgam saber. Ninguém sabe nada da vida de ninguém. Ninguém conhece as dores dos outros, os sacrifícios ou as lutas.
Não me considero uma coitadinha, uma vitima da vida. Sei inclusive que, felizmente para mim, há histórias de vida muitíssimo piores. Embora acredite que as dores não se medem, sei que com certeza no mundo inteiro existem pessoas a sofrer mais do que eu. Contudo sinto-me no direito de estar triste pelos pontapés que tenho levado. Mas ainda assim devo dizer que sou grata a esses mesmos pontapés. Foram eles que me abriram os olhos. Sempre ouvi dizer que abrir os olhos, por vezes, pode ser a coisa mais dolorosa que temos que fazer. E, acreditem, é um facto. Mas a verdade é que aquela velha frase que diz "não são os anos que nos mudam, são os danos" é também justa.
É verdade sim que aprendemos com os erros. Assim como é verdade que por vezes não basta errarmos uma vez. É preciso repetir o erro para aí nos apercebermos que, realmente, não é por ali o caminho.
Mas sabem o que é verdadeiramente sensacional? Estar em paz connosco mesmas. Apreciar a nossa companhia. E, juro-vos, não esperar nada dos outros é libertador. Não achar que os outros nos vão dar, exactamente, aquilo que lhe damos é uma das maiores aprendizagens que podemos levar da vida. E, agora que aprendi, espero não mais esquecer a lição.
Estou tão em paz comigo mesma que até tenho medo. Sabem porquê? Porque sei que dificilmente deixarei alguém voltar a entrar na minha vida. Não me refiro apenas a amores mas também a amizades. E sim, parte de mim ainda quer acreditar que existem pessoas que vale a pena ter por perto.
Portanto, hoje escrevo estas palavras porque é aquilo que sinto. No meu blogue só existe verdade, mesmo que por vezes possa parecer uma montanha russa de sentimentos. E é isso que eu sou por vezes. E acredito que isso se lê nas minhas palavras. E digo isto porque hoje estou em paz e é sobre isso que escrevo. Amanhã? Amanhã talvez escreva sobre mais uma desilusão. Quem sabe? A vida dá voltas. O nosso humor também. Nem todos os dias são bons e nem todos os dias são maus. Mas se há algo que aprendi, principalmente desde o inicio de 2021, é que independentemente de como corra o nosso dia, todos os dias aprendemos algo.
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De que valeu, afinal, ser a pessoa a quem todos recorreram quando precisaram?
De que valeu estar sempre presente?
De que valeu estar sempre disposta a ajudar?
De que valeu dizer sempre sim?
De que valeu alinhar em todas as loucuras?
De que valeu ser a amiga que tem a porta sempre aberta?
De que valeu ser a namorada que está sempre ali, que nunca falha?
De que valeu ser a colega de trabalho que desenrasca sempre?
De que valeu ser a pessoa que faz rir, a que faz o ambiente ficar leve?
De que valeu ser aquela que sempre tem um abraço pronto?
De que valeu ser a que sempre acabou com as guerras?
De que valeu dar sempre o braço a torcer?
De que valeu pedir desculpa?
De que valeu atender sempre as chamadas de todos?
De que valeu responder de imediato a todas as mensagens?
De que valeu estar sempre pronta para beber um copo ou um café?
De que valeu ser o ombro onde todos choraram os seus lamentos?
E onde estão todos agora quando eu preciso deles?
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Sempre existirão dias cinzentos. Dias em que nada te alegra. Em que tudo te pesa no peito. Dias em que te questionas sobre tudo o que fizeste até aqui. Sobre cada passo que deste na tua vida. Sobre cada escolha, cada virar de esquina, cada decisão por mais pequena que tenha sido. Sempre existirão dias em que as lágrimas se sobrepõem aos sorrisos. Dias em que terás que fingir que está tudo bem para não preocupares a tua mãe, o teu pai, a tua irmã, quem quer que seja que te preocupa mais do que tu própria. Em que terás que enxugar as lágrimas, lavar o rosto e colocar o teu melhor sorriso para atenderes uma videochamada. Dias em que terás que te levantar da cama, a rastejar os pés pelo chão, porque a única coisa que querias era poder ali ficar para sempre. Dias em que passas a pente fino a maior parte das decisões que consideras importantes que já tomaste. Em que olhas para trás e só vês fracassos. Sempre existirão dias em que só queres ouvir aquelas músicas que te tocam até à alma. Que só de a ouvires começar, sem perceberes de onde ou porquê, as lágrimas já surgem. Dias em que só te apetece estar sozinha e em que te sentes grata por, realmente, estares sozinha. Dias em que te custa falar com os outros. Em que o silêncio se torna a tua melhor companhia. Sempre existirão dias em que te arrependes. Dias em que percebes que não fizeste a melhor escolha. Dias em que tudo o que querias era uma hipótese de voltar atrás. Dias em que a dor no peito é tão forte e a escuridão te puxa com tanta força para o fundo, que nem sabes como consegues respirar. Sempre, sempre existirão esses dias menos felizes. Esses dias de reflexão. De questionamento. Dias em que te sentes uma autêntica otária por teres acreditado nas pessoas. Por teres confiado. Por teres sido inocente. Por teres sido boa. Sempre existirão dias em que te odeias por seres intensa demais. Por sentires demais, por gostares demais, por acreditares demais, por te entregares demais, por confiares demais. Sempre. Esses dias sempre existirão. E a única coisa que podes, e deves, fazer é seguir. Seguir com a certeza de que eles sempre existirão. Mas também com a certeza de que eles não serão uma constante na tua vida. A vida sempre segue. Mesmo que nem sempre seja como sonhámos. Quase nunca é como sonhámos. Mas, ainda assim, é uma dádiva estar vivo.
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"Qualquer um que dissesse ter a vida sob controle estaria mentindo. Às vezes, eu perguntava-me se havia algo a ser controlado ou se estávamos vagando por aí em busca de um sentido, quando ele, na verdade, não existia"
Brittainy C. Cherry, O Silêncio das Águas
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