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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

V de Viver

1635615364724.jpg(Imagem: @opoemaensinaacair)

Lágrimas.

De felicidade ou de tristeza. 

Lágrimas. 

Limpam a alma. 

Lágrimas.

Deixa-as correr. Deixa que te limpem. 

Lágrimas.

Frias e húmidas. 

Lágrimas.

Como o mar que nos limpa a alma.

Lágrimas.

Uma forma de seguir.

Lágrimas.

Como a chuva que caí lá fora, sem parar.

Lágrimas.

Gotas que correm, na rua e cá dentro. De mim. De ti.

Lágrimas.

Por dentro ou por fora.

Lágrimas.

Não as temas. Saboreia-as. 

Lágrimas.

Por vezes, tudo aquilo de que precisamos.

Lágrimas.

Tal como a chuva que caí.

Será mesmo a mágoa de alguém?

 

15 Out, 2021

Dois anos de blogue

V de Viver

adi-goldstein-Hli3R6LKibo-unsplash (1).jpg(Fotografia: @adigold1)

Dois anos de blogue. Dois anos de alma a nu. 

É aqui que partilho os meus sentimentos. É aqui que mostro a verdadeira montanha russa de emoções que sou. Aqui posso ser eu. Aqui ninguém julga. Aqui há pessoas sábias, daquelas que todos queremos ter por perto. Aqui as pessoas são reais. Têm dores, têm defeitos, têm cicatrizes. E mostram-nas, tal como eu, sem filtros. 

Os blogues deveriam ser a rede social de excelência. Se é para gastar cada segundo da nossa vida agarrada a um ecrã, então devia ser aqui. 

Este ano de 2021 não escrevi tanto por aqui. Foi um ano e tanto. Mudei a cada dia. Sim, a cada dia. Juro-vos que senti isso. Como se trocasse de pele a cada vinte e quatro horas. Errei muito, aprendi ainda mais. 

Senti muita dor e sei que isso foi visível por aqui. Muitos de vocês que me lêem disseram, mais do que uma vez, que deveria procurar ajuda. Agradeço-vos o conselho. Como vos agradeço o facto de estarem sempre ai, de me lerem mesmo quando as minhas palavras são amargas e carregadas de dor. 

Continuo a olhar para este blogue como o meu lugar seguro. Continuo a amar cada palavra que escrevo e cada palavra vossa que leio, embora não vos tenha lido tanto durante os últimos meses. 

Em dia de aniversário do blogue eu teria muito mais para escrever. Mas no fundo aquilo que importa é agradecer-vos por continuarem aqui nos meus momentos menos bons. Por me continuarem a ler mesmo quando as minhas palavras são lágrimas envoltas em escuridão. 

Sou-vos eternamente grata por estarem aí. É difícil explicar como é bom saber que aqui as pessoas ouvem-me (lêem-me), acarinham-me, dão-me força, mesmo sem me conhecerem. Se bem que no fundo, ninguém me conhece como vocês. Vocês lêem o mais fundo dos meus sentimentos. A verdadeira pessoa que eu sou apenas vocês conhecem. Acreditem, nunca ninguém me viu tão nua quanto vocês. 

Por isso obrigada. Muito obrigada a todos que continuam por cá a cada dia. 

V de Viver

Um copo de vinho branco na mão pode ser de uma enorme companhia. Sentada na varanda a ouvir música, bebo o vinho e engulo as lágrimas. Não estou triste. Estou reflexiva. Há dias assim, como hoje, em que acordei com as palavras a saltar da cabeça para as pontas dos dedos. Precisava escrever. Escrevi. Nem sempre digo coisas com sentido, mas é tudo muito sentido. Já disse isto hoje. O vinho está fresco, a noite agradável, a música é nostalgia. Mas não é sempre? Passa-me a vida em faixas pela mente. Como se um filme lá estivesse a correr. Erros e acertos. Lágrimas e sorrisos. Pessoas que me marcaram. Umas pelo bem outras pelo mal. Faz parte. Tudo serve para aprender. Bebo mais um gole de vinho e olho as luzes da cidade. Sinto-me privilegiada por ter esta vista sobre a cidade. E grata também. Penso, não pela primeira vez, que tenho um fascínio por varandas, por luzes da cidade e por vistas desafogadas. Será porque, por dentro, me sinto aprisionada? O vinho está fresco, mas queima-me a garganta ao descer, como se estivesse em chamas. Ele não está, e eu? Não me sinto sozinha, ou sinto? Penso nas pessoas que passaram na minha vida. Não deixa de ser curioso que eu pensasse que só teria um amor. Ah, quando somos adolescentes temos uma ideia tão deturpada da realidade da vida! Dou-me conta que podemos, sim, amar mais do que uma pessoa na vida. Refiro-me, como devem ter percebido, ao amor romântico. Sim, porque com certeza amamos muita gente na nossa vida, pessoas além desses amores substituíveis. Porque há amores que não o são, e aqui recordo os meus avós, a minha mãe, a minha irmã. Nunca ninguém poderia substituir esses amores. Mas os outros sim. Não sei se substituir será a palavra mais correta, acredito que cada pessoa pode ser guardada numa gaveta no nosso coração. Da mesma forma que acredito, cada vez mais, que temos lá muitas gavetas. Talvez nunca um amor substitua outro, mas quanto a isso não vos falo com certeza. Mas é após mais um gole de vinho que vos digo que podemos sim amar mais do que uma vez, daquela forma que nos faz aquecer o coração como o vinho me aquece agora a garganta. Há tempos disse que não acredito no amor. Nunca acreditem nas palavras de uma pessoa magoada. Eu acredito no amor, só não sei se consigo voltar a senti-lo. Mas voltei a ter esperança de que sim. Talvez, um dia. Não hoje. Hoje vou ficar apenas aqui no meu lugar seguro, com a minha música, o meu vinho e as minhas lágrimas silenciosas.

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