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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Persistentemente

V de Viver, 30.01.22

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Sinto o passado às voltas na minha cabeça.

Acordada ou a dormir sou perseguida por lembranças que teimam em ficar.

Um dia li que a vida é como uma ponte enorme. Que caminhamos nessa ponte sempre com alguém ao nosso lado, mas não é sempre a mesma pessoa. Duas pessoas. Dentre aquelas que caminharam comigo. Duas pessoas completamente diferentes. Cada uma delas, à sua maneira, fizeram-me sentir especial. 

Sonho com um, sonho com o outro. Noite sim, noite não. Sonho a dormir. Sonho acordada. Assomam-se-me à memória enquanto leio uma passagem de um livro, ou quando vejo uma qualquer cena de um filme. De supetão. Chegam sem avisar e instalam-se na minha cabeça como se tivessem prostrados no sofá da casa deles. Confortáveis. Amáveis e cheios de sorrisos. Trazem com eles apenas as boas memórias de momentos felizes. Tocam-me a pele enquanto envolvem os meus cabelos nos dedos. Cada um ao seu jeito. Mas eles não estão aqui. Mas estão. Há muito que partiram, mas estão aqui. A toda a hora. Um selvagem, rebelde. Meu. Tão meu. Ilusão. Nunca me pertenceu. Mas está aqui. Permanece aqui. Partiu, seguiu a vida dele. Mas continua em mim. Gravado em mim. Cada um deles à sua maneira. Um tempo vasto separa as duas histórias. Mas ambas continuam tão presentes em mim. É apenas uma fase, talvez seja a solidão. Talvez. O outro carinhoso, doce. A pessoa que mais carinho me deu, embora se revelasse a história mais curta da minha existência até hoje. Digo até hoje porque não sei o dia de amanhã. E também antes destas histórias eu achava que nunca as teria. Mas não sabemos. Nunca sabemos. Mas foi ele, com certeza, que me ensinou que mereço alguém que me trate bem. Ele, em contra-relógio, como se tivesse passado apenas para me provar que nada, nem ninguém, é por acaso. Que é verdade que todas as pessoas nos podem ensinar algo, que ninguém vem em vão. Aqui andam eles. Às voltas na minha cabeça. Chegam sem qualquer aviso, num cheiro, num som, num carro ou mota que passa na rua, no trânsito que não pára. Tal como a vida, que não pára. Mas eles pararam. Pararam e ficaram. Teimam em não querer sair de dentro de mim. Como fantasmas que se recusam a abandonar o sitio onde foram felizes. Chegam, instalam-se sem autorização e podem levar um dia inteiro a ir e vir dos meus pensamentos. 

Se existem pessoas que nos marcam a alma para sempre estas são duas das que marcaram a minha. Completamente diferentes. Um doce o outro amargo. Um quente o outro frio. Mas ambos passageiros. Como de resto todos nós somos neste vida. 

 

Fotografia: @alex_boyd

Por mim

V de Viver, 29.01.22

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Hoje arrumei-me para mim.

Depois de treinar tomei um duche, sequei o cabelo e estiquei-o, fiz uma maquilhagem leve, perfumei-me com o meu melhor perfume e vesti um vestido novo. Sim, um vestido! Levei anos sem vestir um por vergonha. Vergonha das minhas pernas, da minha barriga, dos meus braços, enfim, do meu corpo. Vergonha do que os outros iriam pensar. Anos da minha vida em que limitei o meu guarda roupa tanto quanto me limitava a mim mesma. Não me aceitava, não aceitava o meu corpo. Sempre maior que as minhas amigas (em altura também, tenho 1,73m), destoava de todo o grupo. Era a gordinha. Sentia que o meu corpo não me pertencia. 

Hoje olho para o espelho e, embora finalmente goste do que vejo, sei que eu não sou o meu corpo. Sou muito mais que isso. 

Por isso decidi arrumar-me para mim mesma. E saí. Fui passear, fui fazer algumas compras que precisava, fui marcar o dentista. E fui de vestido! E fui a sentir-me linda! Tanto que nem queria despir o vestido quando cheguei a casa. Confesso que não me apetecia voltar para casa, coisa muito rara, porque adoro estar na minha casa. Mas apetecia-me passear. Apetecia-me, honestamente, passear de mãos dadas. Tenho que confessar que durante um momento pensei: "arrumaste-te assim e agora não tens ninguém para te elogiar, ninguém para apreciar, para te dizer como estás linda". Mas foi fugaz esse momento. Foi um pensamento dentre os milhares que temos por dia. Veio e foi embora com a mesma rapidez. Porque logo de seguida respondi-me: "arrumaste-te para ti, por ti, porque mereces sentir-te linda e bem contigo mesma". E após este breve pensamento, a contemplar-me numa montra qualquer, sorri e avancei. Passo a passo, de sorriso no rosto, segui o meu caminho em paz comigo mesma. 

Longe vão os tempos em que me odiava, em que não olhava para uma montra para não ver o meu reflexo. Hoje não. Daqui em diante não. Um corpo é apenas um corpo. Todos nós somos muito mais que o nosso corpo. Devemos, sim, cuidar do nosso corpo, tal como da nossa mente. Atrevo-me até a dizer que talvez a nossa mente seja ainda de maior importância. Mas sim, devemos cuidar do nosso corpo. Fazer exercício. Cuidar da nossa alimentação. Mas por amor. Por dedicação. Não porque alguém diz que estamos gordos demais ou magros demais. Não porque alguém decidiu um determinado padrão de beleza . Hoje, de dentro das minhas calças tamanho 42 (já retirei o vestido!) digo-vos de coração: somos o que somos por dentro, e isso reflecte-se por fora.

Se o interior estiver em paz, o resto tanto faz. 

Fotografia: @vincefleming

Que eu nunca me esqueça

V de Viver, 17.01.22

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- Que sou suficiente

- Que tenho em mim tudo o que preciso

- Que não preciso da minha outra metade porque eu sou inteira

- Que o meu corpo é normal (como todos os outros)

- Que se quero, posso

- Que já cheguei muito longe

- Que sou inteligente

- Que ainda posso alcançar muito mais (não apenas ter, mas ser)

- Que os erros fazem parte do caminho

- Que todos os que passam na minha vida me ensinam algo

- Que devo ser grata todos os dias porque todos os dias são uma bênção

- Que eu sou capaz

- Que a família deve ser sempre prioridade

- Que o que se ganha fácil perde-se fácil

- Que vale sempre a pena amar

- Que nem tudo o que se perde é uma perda

- Que a vida é feita de fases

- Que dentro de mim existe sombra e luz

- Que todas as pessoas estão a viver as suas lutas

- Que nem todos os dias são de sol, mas ainda assim ele sempre volta

- Que a Natureza me faz bem

- Que devo cuidar de mim todos os dias

- Que se posso sonhar posso realizar

- Que nada é em vão

- Que ninguém é de ninguém

- Que devo respeitar os outros e nunca lhes fazer o que não quero que me façam

- Que esta praia é um dos meus refúgios

- Que todo o pôr do sol é um motivo para agradecer

- Que os outros nem sempre vão querer o mesmo que eu

- Que se aprende muito nos dias menos fáceis

- Que devo comemorar sempre as pequenas vitórias

- Que nunca posso parar de sonhar

- Que o amor próprio é o único que me pode salvar

- Que se eu gostar da minha companhia nunca estarei só

- Que ver o pôr do sol na praia me acalma

- Que cuidar do meu corpo me faz sentir bem

- Que a gratidão nunca é demais

- Que o silêncio pode ajudar muito

- Que a solidão nem sempre é uma coisa má

- Que eu posso tudo

- Que nunca devo depender de ninguém para ser feliz

- Que a felicidade está dentro de mim

- Que os meus objectivos devem estar sempre primeiro

- Que a opinião dos outros é isso mesmo, dos outros

- Que há beleza em tudo porque a beleza está nos olhos de quem vê

- Que nem todos os dias são fáceis e está tudo bem

- Que devo cuidar sempre dos meus pensamentos

- Que a minha paz importa mais que tudo o resto

- Que sou corajosa sim, mas não perfeita

- Que vou sempre cometer erros mas que todos me ensinam algo

- Que por muito que doa, tudo passa

Que eu nunca me esqueça disto e que vocês também não. 

Qual é o nome da tua saudade?

V de Viver, 15.01.22

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É à noite que a saudade me dói mais. Quando pouso a cabeça na almofada vejo a vida passar-me diante dos olhos, como um filme em replay. Erros. Acertos. Lutas. Conquistas. Derrotas. Pessoas. A nossa vida não é igual sem pessoas. Por muito que alguém goste da solitude, ninguém gosta da solidão. Mas é à noite que ela mais se sente. Quando te deitas numa cama que nem sempre foi assim tão grande. Mas não foi o tamanho da cama que mudou, é o vazio que alguém lá deixou ao ir embora. Como aquele buraco vazio que se sente no peito, como se um espaço tivesse em branco quando até há pouco tempo estava recheado de cor. É à noite que fazes o balanço do dia. Que analisas o que fizeste, o que deixaste por fazer. O que disseste e o que deixaste por dizer. À noite quando aquela mensagem não chega. Aquela que esperavas todas as noites quando a presença não era opção. É muito fácil habituares-te a esse tipo de carinho. Difícil é adaptares-te à sua ausência. À noite, enquanto dás voltas e voltas constatando, mais que uma vez, que a cama não parecia tão grande há uns tempos atrás, pensas em como tudo na vida é passageiro. Em como tudo é incerto. Em como as pessoas vêm e vão com tanta facilidade. Cada um a viver as suas vidas. A tentar chegar à sua melhor versão. A querer ser melhor. A curar as suas feridas. E sabes, nesse momento enquanto as lágrimas se te assomam aos olhos, que não podes fazer nada quanto a isso. Que a nossa vida é como uma estação de comboio. Uma constante de chegadas e partidas. Que cada um tem, sim, que fazer o seu percurso. Que não podes, nem deves, prender ninguém. Que nem sempre os outros vão querer o mesmo que tu e que, mesmo quando dizem querer, podem de um momento para o outro mudar de ideias. Pouso a cabeça na almofada depois de mais uma volta na cama. Fecho os olhos. E imagino-me em outra cama, outro quarto, outra casa, outro país, porque não? Lá não estou sozinha. Lá a cama não é tão grande porque ao meu lado, a aquecer-me o corpo e alma está outra pessoa. Aquela pessoa. Todos temos uma pessoa que é aquela pessoa. E todos temos em nós o poder de fechar os olhos e imaginarmo-nos enroscados nos braços daquela pessoa. E aí respiramos fundo. Sorrimos. E, em paz, dormimos um sono mais tranquilo, mais doce e mais quente. Porque enquanto podermos sonhar, enquanto tivermos em nós o poder de imaginar a nossa vida de outra forma, conseguimos ter tudo. Por um segundo. Na nossa imaginação.

 

Fotografia:@google

Perguntas sem resposta

V de Viver, 14.01.22

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Afinal de contas o que importa o que os outros acham de determinada situação? Para que serve a intuição de alguém que vê a situação de fora? Devemos confiar na nossa intuição ou não? Quando a minha intuição me diz algo diferente do que outra pessoa, exterior a determinado acontecimento, diz, devo confiar mais na minha intuição ou na opinião da pessoa? A pessoa pode ser mais velha e mais sábia, mas será que isso realmente significa que sabe mais sobre uma situação que eu vivi e na qual não esteve envolvida? O diz que disse, o ouvi falar, tudo isso é muito bonito, mas até onde devemos realmente acreditar? É mais válido a opinião de uma pessoa fora da situação ou aquilo que a pessoa envolvida na situação te fez sentir?

Aqui estou eu num dos meus lugares favoritos a pensar em todas estas questões. O barulho do mar não cala os meus pensamentos. O solo quentinho não aquece o meu coração esfriado. Estou confusa em relação ao que acreditar. Não estou no drama. Estou bem. Estou até numa das melhores fases da minha vida. Sinto me realizada, feliz e em paz. Contudo há questões que me assombram. E está é uma delas. Não sei se devo acreditar na minha intuição ou se apenas me estou a iludir.

Mas enquanto escrevo, neste exacto momento, penso (e é por isto que a escrita é a minha terapia) as coisas têm sempre que ter uma explicação e um sentido? Vale a pena mexer no que passou? Se a pessoa me fez sentir bem, no curto espaço de tempo que nós tivemos, tenho mesmo que encontrar um significado para isto? Ou devo apenas deixar-me sentir e seguir? Foi bom. Fez me bem. Quero mesmo saber se foi tão sincero e real quanto me pareceu? Ou devo apenas agradecer por mais um ensinamento na minha vida? Devo ser apenas grata à pessoa por me ter feito feliz ou tentar encontrar uma resposta sobre se foi tão sincero quanto me pareceu? 

 

O meu primeiro pôr do sol do ano

V de Viver, 13.01.22

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Escrevo estas palavras sentada numa velha prancha de surf, na minha praia, num cantinho que deve ser de muitos mas que agora é só meu. Vim ver o mar e o pôr do sol, mas o sol ainda está alto mostrando que ainda demorará uns minutos para ir embora. Embora para onde nunca saberei. Ouço as ondas enquanto ouço também uma música no meu único fone de ouvido, o outro há muito que partiu nas ondas deste mar que me faz companhia em melodia de fundo. Penso na vida. Em tudo o que já vivi, em todas as lutas e em como umas desencadearam em vitórias e outras em aprendizagens. Penso nas pessoas que passaram na minha vida e naquilo que aprendi com elas. Penso nos meus avós e em como tenho saudades deles. Penso na minha mãe, na minha irmã. Penso nos amores e nos que não chegaram a sê-lo. A vida é curta, é imprevisível. As pessoas, tal como as ondas do mar, vem e vão. Tenho uma vida recheada de partidas. Mas para terem partido essas pessoas têm que ter chegado. Por isso ouso dizer que tenho, também, uma vida cheia de chegadas. Penso onde estive, onde já cheguei e onde ainda vou chegar. É este o poder do mar e do sol sobre mim. Fazem-me pensar no meu passado, reflectir sobre ele, mas fazem-me também ter esperança no futuro. Tudo é incerto. O que hoje é amanhã pode já não ser. Inclusive eu. Hoje estou viva, mas amanhã? Amanhã não sei. Provavelmente é este o encanto da vida. Não sabermos nada. Nem de onde viemos, nem para onde vamos. O sol aquece-me o rosto fazendo a temperatura contrastar com o gelo em que estão os meus pés. O sol continua alto. Mas vou ficar na praia para o ver partir. Para me despedir de mais um dia, agradecendo por ter tido direito a ele. E enquanto olho o sol agarro-me à esperança de ainda poder apreciar muitas das suas partidas. 

7 dias

V de Viver, 12.01.22

kristina-tripkovic-nwWUBsW6ud4-unsplash.jpgAdivinhem quem se deixou caçar pelo Covid-19? Exactamente, eu.

Mas não vos venho falar do facto de nos mandarem ficar em casa sem que ninguém se preocupe se estamos bem ou mal. Para quem, como eu, vive sozinha não é fácil. Mas não é sobre o facto de nos dizerem que nos vão contactar e nunca o chegarem a fazer que vos venho falar. Embora me assuste pensar que poderão haver pessoas que não têm ninguém e que, efectivamente, podem passar mal sem que ninguém sequer saiba ou se preocupe. Mas não é sobre isto que vos venho falar.

Também não vos venho falar sobre ter tido o lixo sete dias em casa. Sempre ouvi aquela expressão: "as visitas em casa são como o saco do lixo, mais de três dias e começa a cheirar mal". Não que eu concorde plenamente com esta expressão, confesso. Mas não vos venho falar disso, afinal de contas sei que há pessoas que colocam a máscara e vão levar o lixo. Eu também o podia ter feito, mas vivo num prédio, uso o elevador e achei que não devia fazê-lo. Por isso, não é disso que vos venho falar.

Também não vos venho falar do facto de ter que comer o que há em casa, porque afinal de contas eu vivo sozinha, a 200km da minha família. E sim, posso-me dar por contente de ter comida em casa porque há quem não tenha. E sim também, claro que podia ter pedido a algum dos meus colegas de trabalho que fizesse 40km para me vir trazer compras, mas não quis dar trabalho, por isso também não é disto que vos venho falar.

Não é também sobre os sintomas que vos venho falar. Não é sobre a tosse, nem sobre o ranho, nem sobre a dor de cabeça constante. Nem sequer sobre o cansaço físico que, realmente, não me larga mesmo tendo estado sete dias sem fazer nada. Também não é sobre o facto de ter tirado um café na minha máquina de café e de o ter despejado pela pia abaixo porque me sabia a soro fisiológico. Não é sobre nada disto que vos venho falar.

Também não é sobre o facto de pormos tudo em perspectiva e, não pela primeira vez na vida, chegar à conclusão que a saúde é, sim, o nosso bem mais valioso. 

Mas também não é sobre o facto de ser exactamente quando estás doente que vês quem realmente é teu amigo. Sim. Aqueles que mandam pelo menos uma mensagem por dia a perguntar como te sentes. Não, não é sobre o sentires-te acarinhada que vos venho falar. 

Nem é também sobre o facto de pessoas que não esperavas te ligarem a perguntar se estás bem. Não, mais uma vez, não é sobre o facto de te fazerem sentir especial com um simples gesto que vos venho falar. 

Dois minutos. Às vezes menos. É o tempo que leva a fazer alguém sentir-se especial. Impressionante, não?

Acreditem ou não, também não é sobre a solidão que nos assola quando estamos sete dias fechados em casa que vos venho falar. Não é sobre o facto de, mesmo para quem está habituado à solidão, ser mais difícil lidar com ela quando não é por vontade própria. 

Nem sobre o facto de ninguém estar, realmente, preparado para perder a liberdade ainda que por um curto espaço de tempo. 

Nem, e isso seria egoísmo meu, sobre o facto de ter sentido falta de ver e cheirar o mar, de ser acariciada pela brisa e pelo calor do sol no rosto enquanto os meus pés tocam a areia fria. 

Não, não é sobre nada disto que vos venho falar. Mas querem saber a verdade? Se não é sobre isto, então não sei sobre o que vos queria falar. Porque isto é tudo o que vos posso dizer: a vida é imprevisível. Um vírus pode sim chegar e mudar os nossos planos. E é um abre olhos. Porque percebemos o quanto somos pequenos e insignificantes neste mundo. E ao mesmo tempo percebemos como somos todos iguais. Como isto nos pode afectar a todos. Aos que acreditam, aos que não acreditam e aos que não pensam muito no assunto. Achamos sempre que só acontece aos outros, mas adivinhem: não acontece só aos outros. E não, não é só uma gripe. É uma gripe que nos tira a liberdade e, ainda que sejam só sete dias (para assintomáticos/sintomas ligeiros), nos priva daquilo a que estamos tão habituados, a nossa rotina.

 

PS: não me estou a queixar, estou a escrever sobre a minha perspectiva.

PS2: já estou recuperada e fora do isolamento (terminou ontem, embora ainda não tenha saído de casa... Juro-vos que nunca desejei tanto ir levar o lixo!!). 

Fotografia: @kristinatripkovic

1º lição do ano

V de Viver, 03.01.22

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Quem é mulher sabe como nos podemos sentir naquela fase do mês. Se a vida em si já pode ser uma montanha russa de emoções para qualquer um, experimentem ser uma mulher nessa altura do mês.

Hoje acordei menos bem. Sem qualquer motivo aparente. Li umas páginas do livro que estou a reler (Faz um Restart à tua vida, do Jorge Coutinho), bebi um café, treinei, tomei um duche, sentei-me e escrevi.

Até aqui tudo bem. É a rotina que tento manter nos dias em que não trabalho ou em que faço o turno da tarde. O senão foi apenas a sensação de que algo está errado que me acompanhou durante todo o tempo. 

Sempre fui curiosa com o tema do desenvolvimento pessoal. Mas de há cinco anos para cá tenho lido muito sobre o assunto e até tenho feito algumas formações. Confesso que é uma área na qual gostaria de vir a trabalhar, sinto-o como uma espécie de missão, sabem? Ajudar outras pessoas para que não tenham que fazer um percurso tão longo como o meu para alcançar a paz interior. Mas isso é tema para outro dia. 

O que queria dizer é que, por já ter algumas bases e já ter alguma consciência da minha pessoa, gosto de analisar o que se passa nestes dias. E hoje, depois de ter escrito novamente, de ter colocado uma música Celta a tocar no Youtube e de ter meditado por uns minutos, cheguei à conclusão (não pela primeira vez, confesso!) de que não se passa nada! De que sou apenas eu a querer controlar coisas que não posso controlar. Que este peso no peito sou apenas eu, naquela fase do mês, a ver coisas onde não existem, a preocupar-me demasiado com coisas exteriores a mim e que, precisamente por serem exteriores, eu não controlo. 

E, acredito, isto acontece-me mais nesta fase do mês porque é quando estou mais sensível e também quando tenho que fazer um maior esforço para estar consciente de mim mesma devido a todas as alterações de humor (e não só) que existem no meu corpo e mente. 

Portanto a primeira lição do ano é: sê mais paciente contigo mesma e aceita que não podes controlar o que é exterior a ti.

Alguma lady por aí que se identifique com o que acabei de escrever? Não sei de vocês, mas a mim esta fase acaba-me com os nervos 

 Fotografia:@coleito

2022

V de Viver, 02.01.22

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O inicio de um novo ano é sempre um recomeço. Um virar de página. O começo de um novo capitulo. É aquela altura do ano em que nos comprometemos a mudar. A fazer mais, a cumprir os nossos objectivos.

Durante os primeiros dias de um novo ano parece que temos força a dobrar. Ou a triplicar. É nestes dias que as listas de sonhos crescem. Pegamos em papel e caneta e escrevemos as metas, os objectivos, tudo aquilo que queremos atingir nos próximos 365 dias. O nosso coração enche-se de fé, de esperança.

Recomeços têm cheiro de esperança. Esperança de que vamos conseguir realizar todos os objectivos. De que vamos conseguir ser mais felizes. Ter mais tempo para nós, para os nossos. De que vamos fazer tudo o que já queríamos ter feito. De que "este ano é que é". 

Esperança é uma palavra bonita. 

O meu maior desejo para 2022 é que não a percamos. Que ela nos possa acompanhar não só agora, nos primeiros dias do ano, mas sempre. Porque se perdermos a esperança perdemos tudo, mas enquanto ela nos acompanhar... Enquanto ela nos acompanhar podemos conquistar o mundo!

 

PS: e quando é que poderia ser melhor altura para mudar a imagem do blogue do que agora, no começo do novo ano? Gostaram? 

PS2: aproveitei e mudei a imagem de perfil