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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

10 Jan, 2021

Genuína Solidão

V de Viver

Dez.

Passaram dez dias desde o inicio do novo ano. E eu já li três livros, num total de, aproximadamente, 1640 páginas!

Adoro ler. Nunca escondi isso, nem de mim, nem dos outros. Mas não consigo deixar de pensar que, neste momento, estou a usar a leitura como evasão. Como um meio de escapar a toda a dor que vive dentro do meu peito. Como uma forma de viver vidas que não sejam a minha. Como meio de fuga a tudo o que está errado.

É fácil perdermos-nos. É difícil voltar a encontrar quem éramos.

Será que quando nos voltamos a encarar, somos realmente os mesmos? Serei a mesma pessoa que era na última vez que olhei para dentro?

A solidão continua a fazer-me companhia, assim como as palavras dos mais variados escritores. Chego até a pensar que, quem inventou os livros, devia ser um ser solitário. 

O prazer da leitura é algo difícil de igualar. Acredito que só quem ama ler poderá encontrar sentido nas minhas palavras. Mas ler, realmente, transporta-nos para outros mundos. Faz-nos sonhar muito além do que imaginámos ser humanamente possível. Poucas coisas no mundo me fazem viajar como um bom livro. Aquela sensação de nos colocarmos, exatamente, onde e como o escritor descreve, o viver intensamente a história das personagens, o desejar o melhor para eles e, muitas vezes, desejar sê-los. 

Durante muito tempo questionei-me se seremos seres solitários. Vivi com essa dúvida porque sei que, no fundo, o ser humano é um ser social. Contudo, hoje mais do que nunca, tenho a certeza de que somos, sim, seres solitários. Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Pelo meio vivemos pequenas, mas intensas, ilusões de que alguém nos pertence e de que pertencemos a alguém. De que temos alguma coisa nossa. Mas a única coisa que possuímos, realmente, é nós mesmos. 

E, mesmo cientes disso, fugimos de nós. Por vezes durante a vida toda. Fugimos da dor, do que ela nos faz sentir. Fugimos de nós como quem foge da morte, sem nos darmos conta de que fugir de nós é também uma forma de morrer. Lentamente. 

Talvez o que todos precisemos seja solidão. Aprender a lidar com ela. Aprender a lidar connosco. Afinal de contas, tudo o que nos resta somos nós mesmos. 

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