Gratidão à chuva
Aconteceu hoje quando saí do ginásio. Quando fui para lá o dia estava escuro, mas não chovia. Quando saí estava a chover e eu fui a pé, sem guarda chuva. E foi ao vir para casa à chuva que senti. Uma enorme gratidão. Gratidão pela chuva que me caía no rosto. Gratidão por estar viva. Por ter uma casa para onde voltar. Nesse momento passou por mim de mota um senhor que trabalha na entrega de comida. E mais uma vez apoderou-se de mim uma enorme gratidão por não ter que trabalhar debaixo de chuva (na maioria das vezes pelo menos!).
Continuei o meu caminho em direcção à minha casa e senti-me feliz. Feliz por ter crescido, por ter amadurecido, por conseguir perceber, hoje, que todas as situações e pessoas que passaram na minha vida tinham um propósito. Tudo aconteceu por um motivo e cada vez tenho mais a certeza disso.
Segui o meu caminho sentido-me grata pelos tombos que dei na vida, de verdade. Porque todos me ensinaram algo, porque foram eles que me transformaram na pessoa que sou hoje. E, acreditem, eu orgulho-me muito de quem sou. Orgulho-me muito do meu crescimento e das minhas conquistas.
Já encharcada pela chuva entro no prédio e, no elevador, ao dar com os olhos no meu reflexo agradeço-me por não ter desistido. Por fazer todos os dias o que tem que ser feito para chegar onde quero. Para ser quem quero ser. Agradeço-me por continuar a lutar todos os dias. Por ter chorado mas ter persistido sempre. Olhei para o espelho do elevador uma última vez antes de sair no meu andar. E vi. Vi a mulher que quero ser. A mulher que me orgulho de ser. E senti-me grata mais uma vez. Grata pela minha história desde o dia em que nasci. Hoje sei que tudo aconteceu como tinha que acontecer.
Se tivesse que escolher uma palavra para o dia de hoje seria gratidão. Usada em demasia ultimamente, talvez. Mas hoje é a que faz mais sentido.
PS: também poderia ser amor-próprio!