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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Se eu soubesse que chegarias

V de Viver, 30.09.24

Se eu soubesse que chegarias teria esperado por ti sem me envolver com mais ninguém. 

Teria guardado todo o meu amor e tempo para ti. Não teria vertido lágrimas por gente que não as merecia. Não teria suplicado por amor que , descobri contigo, não precisa de suplicas. 

Terias sido o meu primeiro, único e último amor. Terias sido o meu primeiro namorado. O meu primeiro homem. O único.

Não teria sofrido, não teria achado que estava a ficar tarde. Não teria desistido de ter uma família. 

Se eu soubesse que chegarias, assim como chegaste, entusiasmado, leve e carregando a paz que eu procurava nunca teria achado que era impossível.

Se eu soubesse que chegarias com vontade de fazer dar certo, sem cobranças, sem exigências e mostrando-me que ainda existem homens bons não teria dito que nunca mais queria ninguém.

Não teria usado uma capa de independente, de guerreira, de "não preciso de homens nenhuns". Não teria dito, nunca, "os homens são todos iguais".

Porque não são. Os homens não são todos iguais.

Existem ainda os que querem, os que fazem questão. Os que não precisam que lhe cobremos atenção. Os que deixam as coisas fluir sem esforço. Os que não magoam com intenção e que, se e quando magoam, sabem pedir desculpa e assumir o erro. 

Tens defeitos. Claro que tens. Mas soube que era amor exactamente no momento em que te amei mesmo com os teus defeitos.

Trouxeste luz e esperança à minha vida. Trouxeste amor, carinho, alegria. Trouxeste vida. Melhoraste o que eu achava impossível melhorar. 

Já te disse tantas vezes e vou dizer-te as que forem necessárias: a minha vida estava ótima quando te conheci, mas conseguiu ficar muito melhor.

Se eu acreditava que isto era possível? Não, nunca.

És o amor da minha vida e não duvido por um segundo que vamos ter a nossa família. Alias, nós já somos a nossa família. Mas ela vai crescer.

Sei que parece tarde. Sei que sentes isso por vezes, eu também sinto. Queria tanto, mas tanto, ter-te conhecido antes. Mas na vida tudo acontece no tempo certo. E este é o nosso tempo.

Demorámos a encontrar-se. Mas hoje sei que pessoas unidas pelo destino acabam sempre por se encontrar. 

Tu és o meu destino. 

[Texto escrito em 05/12/2023]

É o amor que faz girar o mundo

V de Viver, 13.02.23

Não gosto muito de dias sem sol. Deixam-me nostálgica. Fico pensativa, introspectiva e com menos energia. Fico, quase literalmente, da cor do dia. Cinzenta. Estava ainda agora a ler um romance, mas fazia-o sem grande entusiasmo, honestamente. "O Livros dos Dois Caminhos", da grande escritora Jodi Picoult, lá porque estou com pouco entusiasmo não faz do livro menos bom.

Curiosamente há uns anos só lia romances. Hoje levo tempo para ler um e já não o faço com o mesmo encantamento. Ainda acredito no amor. Sim, continuo a acreditar que é possível amar e ser amado. Continuo a dar amor a quem se cruza no meu caminho. Mesmo aos que, claramente, não chegam com essa intenção. Mas isso é só mais uma prova de que não controlamos nada, só podemos controlar a forma como reagimos às diversas situações da vida. 

Às vezes tenho a mente tão assoberbada de ideias que me custa escrever. Como hoje, como agora. Nestes dias a minha escrita torna-se confusa. Começo a escrever por um motivo mas as ideias surgem umas atrás das outras, a empurrarem-se para abrir caminho para ver qual chega primeiro ao papel. Geralmente nestes dias não sei o que sinto. Por vezes não sei o que quero. Nestes dias costumo dar-me espaço apenas para existir. Não me exigir muito. Afinal de contas se até a natureza tem dias cinzentos, de sombra, porque não haveria eu de poder tê-los? Tenho calor, curiosamente. Estão 13º lá fora e há pouco estava gelada. Às vezes sinto-me gelada. E sozinha. Quase como se uma coisa levasse à outra. Mas na maioria dos dias gosto e prezo a minha solidão. Solitude. Não sei bem. Mas aprendi, realmente, a apreciar a minha própria companhia. Na maioria dos dias. 

No fundo sou grata a estes dias cinza. Estes dias que me fazem lembrar que nem todos os dias precisamos de estar a 100%. Que o nosso melhor pode ser diferente todos os dias da nossa vida.

Gosto de sentir que aprendo todos os dias alguma coisa. A sabedoria e o conhecimento sempre me cativaram. E quanto mais velha fico mais vontade sinto de aprender. Não necessariamente sobre outros ou sobre algo em especifico. Mas sobre mim. Adoro esta sensação de que me conheço perfeitamente. Esta sensação de que sou a única pessoa no mundo capaz de me perceber, de me amar, de me dar aquilo que quero, que preciso e que procuro. 

Esta percepção de solidão que me trás a sensação de que não preciso de ninguém. De que me basto. De que me tenho a mim mesma e que isso já significa ter o mundo. Ser o mundo. O meu mundo. 

O sol aparece por entre as núvens de vez em quando. Esforça-se por aparecer, por se manter visivel. Por vezes todos nós somos sol. Esforçando-nos para acordar, para sair da cama, para fazer o que tem que ser feito. Mas é bom ser como o sol. Saber que mesmo quando não brilhamos ainda estamos aqui. Dentro de nós mesmos há uma luz que nunca se apaga. Até ao dia em que se apagará para sempre. Mas, não sei porquê, acho que mesmo nesse dia a nossa luz se manterá a brilhar. Enquanto formos lembrados pelos que nos amam, por aqueles cujas vidas conseguimos tocar de uma forma ou de outra. O que me recorda que é o amor. É sempre o amor a chave de tudo nesta vida. É e será sempre o amor que manterá as pessoas vivas. Que manterá o mundo a girar. Sim, é o amor que faz girar o mundo. O amor que sentimos pelos outros. Mas também o amor que sentimos por nós mesmos. E seja qual for o tipo de amor, o importante é que nunca o deixemos morrer. Porque enquanto existir amor as engrenagens da vida continuam a girar, o tempo continua a correr e nós continuaremos vivos. Aqui, ou onde quer que estejamos. Será sempre o amor.

Que nunca nos esqueçamos disso.