Um ano sem ouvir a sua voz. Um ano sem a ver. Sem ser presenteada com o seu beijinho na testa. Sem o seu toque doce. Sem a ouvir ralhar. Um ano de saudade. De lágrimas caídas nos momentos mais inesperados. Um ano de recordações que surgem, por vezes, apenas com um cheiro. Um ano de dor. De buraco no peito quando penso em si. Um ano avó.
Faz hoje um ano que partiu. Mas já nos tinha deixado muito antes disso. Aquela maldita doença que a fez esquecer-nos ainda em vida. Doía tanto (...)
É surpreendente como a saudade não escolhe hora nem lugar para despontar e me dilacerar o coração. Pode ser um som, um cheiro, uma luz, uma palavra. Pode ser qualquer coisa e pode surgir do nada. E vinda de lado nenhum, qual relâmpago, trespassa-me o corpo. Primeiro deixa aquela sensação amarga. A sensação de que não devia ter sido assim. Que a vida podia ter sido de outra forma para ele, para eles, e para mim. De que tudo podia, e devia, ter sido diferente. A realidade de que (...)
O fim de tarde aproximasse. Crepúsculo. O azul claro do céu diurno a misturar-se, lentamente, com o azul escuro da noite. O sol desaparece. E logo ali, naquele instante, sem que saiba dizer o momento exacto, ela aparece.
A primeira estrela do céu.
Quando era pequena lembro-me de pensar que aquela estrela era o irmão da minha mãe que tinha falecido seis dias antes de eu nascer. Não foi uma ideia que me surgiu. Foi a minha mãe que me disse, numa das muitas vezes que a vi chorar ao (...)