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Tudo o que não consigo dizer, escrevo.
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Há dias em que as certezas se esvaem.
Em que nos fogem das mãos como água a correr num rio bravo.
Dias em que duvidas de tudo o que já fizeste, dias em que questionas todos os caminhos que já percorreste. Em que, por muito que te esforces e que digas a ti mesma que está tudo bem, sabes que não está. Dias em que sentes a falta de momentos e pessoas do passado. Em que pões em causa todas as tuas escolhas.
Nestes dias, em que as palavras me surgem à mente mais rápido do que as consigo escrever no papel, sei que devo respeitar-me mais do que nunca.
O tempo ensinou-me que os dias mais difíceis são aqueles em que mais se pode aprender e crescer. Que é nestes dias cinzentos, ou nos momentos cinzentos de um dia de sol, que muitas vezes encontramos as respostas que procuramos. É no silêncio, é dentro de nós, no nosso refúgio, que estão todas elas. Todas as respostas, a todas as perguntas que já nos fizemos e que ainda faremos a nós próprios estão dentro de nós. Se nós soubermos ouvir, escutar com atenção, tudo o que precisamos saber irá surgir. Saber lidar com os dias menos bons, com os momentos de escuridão que surgem na nossa vida, não é tanto uma questão de coragem ou de inteligência. É, na minha opinião, uma questão de sobrevivência. Porque só nós nos podemos salvar, só nós podemos conquistar os nossos sonhos, só nós podemos curar as nossas dores. Está nas nossas mãos. O caminho que queremos seguir no futuro depende de nós, da nossa escolha.
É preciso resiliência para lidar com estes dias cinzentos, com estes momentos em que falta a luz. Repara. Silencia-te e repara. Mesmo nestes momentos em que tudo à tua volta está escuro, se escutares com atenção, se olhares para dentro de ti com devoção, perceberás que há uma chama que nunca se apaga. Há uma luz que, tremeluzindo lentamente, continua acesa no teu coração. Essa chama que brilha levemente e em silêncio chama-se esperança. Esperança num amanhã melhor, num amanhã com mais luz e menos escuridão.
Pensa: quando olhas para o céu durante a noite, é ou não é mais fácil ver o brilho das estrelas se tudo à tua volta estiver envolto numa enorme escuridão? Sim, uma certa escuridão é necessária para ver as estrelas. Do mesmo modo, é preciso haver dias cinzentos, escuros e frios, para que descubras a luz que brilha em ti. A tua luz. Tu. És tu que brilhas. Tu, na mais pura essência do teu ser tens em ti um brilho que nunca se apaga. Nem mesmo nos dias mais escuros. E é nesses dias que mais precisas dela. Agarra-te a ela como quem se agarra à vida. Porque será exactamente isso que estarás a fazer: ancorar-te à vida.
Fotagrafia: @henrybe
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O inicio de um novo ano é sempre um recomeço. Um virar de página. O começo de um novo capitulo. É aquela altura do ano em que nos comprometemos a mudar. A fazer mais, a cumprir os nossos objectivos.
Durante os primeiros dias de um novo ano parece que temos força a dobrar. Ou a triplicar. É nestes dias que as listas de sonhos crescem. Pegamos em papel e caneta e escrevemos as metas, os objectivos, tudo aquilo que queremos atingir nos próximos 365 dias. O nosso coração enche-se de fé, de esperança.
Recomeços têm cheiro de esperança. Esperança de que vamos conseguir realizar todos os objectivos. De que vamos conseguir ser mais felizes. Ter mais tempo para nós, para os nossos. De que vamos fazer tudo o que já queríamos ter feito. De que "este ano é que é".
Esperança é uma palavra bonita.
O meu maior desejo para 2022 é que não a percamos. Que ela nos possa acompanhar não só agora, nos primeiros dias do ano, mas sempre. Porque se perdermos a esperança perdemos tudo, mas enquanto ela nos acompanhar... Enquanto ela nos acompanhar podemos conquistar o mundo!
PS: e quando é que poderia ser melhor altura para mudar a imagem do blogue do que agora, no começo do novo ano? Gostaram?
PS2: aproveitei e mudei a imagem de perfil
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Alguém morreu. Eu não conhecia a pessoa, nem a sua história, nem a forma como morreu. Mas era jovem, e desde sempre que a morte de pessoas jovens me afecta. Nunca soube explicar porquê. Não sei se é empatia. Ou se é medo de um dia ser eu ou um dos meus. Sei que todos nós sabemos a teoria: "devíamos aproveitar mais, preocupar-se menos e viver cada dia como se fosse o último". Sim, a teoria julgo que todos a sabemos. Mas quantos de nós colocam essa teoria, efectivamente, em prática? Eu não, confesso. Há já algum tempo que ando, novamente, dentro de mim, a conviver com o meu lado sombra. É assustador como podemos ter tanta dor dentro de nós. É inexplicável. Acredito que essa dor chegou um dia e não foi cuidada. E depois deixamos acumular dor em cima de dor. E o que acontece se deixarmos de limpar a nossa casa durante muito tempo? Acumula lixo, pó, e é muito mais difícil limpar tudo depois. Acredito que seja da mesma forma com as nossas dores. Mas não nos ensinam a lidar com elas. Ensinam-nos que devemos estar sempre bem, alegres e com pensamento positivo. Que estar triste só nos trará mais amargura. Que devemos deixar as coisas seguirem o seu rumo, que "o que tiver que ser será". E sim, eu concordo. O que tiver que ser será. Mas acredito que é preciso perceber de onde vêm as nossas dores, perceber o que temos cá dentro e depois aceitar e deixar fluir. Não devemos fugir do que estamos a sentir, porque por muito que fujamos, o que sentimos acompanha-nos, sempre. Nem sempre está tudo bem. E tudo bem em não estar sempre tudo bem. Senti necessidade de escrever isto porque, realmente, ultimamente tenho-me deixado sugar pela dor. Tenho-me sentido cada dia mais pequena ao lado da imensidão da minha dor. Não estou a conseguir identificar de onde vem isto tudo. Sou uma mulher adulta e independente. Logicamente não tenho, nem sou, tudo o que quero, mas tenho e sou mais do que um dia achei que iria ter/ser. E saber isto leva-me a sentir culpa por estar triste. Porque sei que há pessoas em situações muito piores. Infelizmente lido com a dor e os problemas do ser humano diariamente no meu trabalho. E sei, sei que há vidas piores. Mas ainda assim, e já por várias vezes na minha vida, tenho estas fases negras, estes dias de imensa dor e tristeza. Cercada daquela sensação de estar debaixo de água, a lutar por vir à tona. Mas sei que venho. Sei que mais dia menos dia a cabeça emerge e voltarei a respirar. Voltarei a ser eu. Aquela pessoa alegre e cheia de energia. Por hoje vou continuar a respeitar esta dor. Vou deixar as lágrimas correrem, mesmo que não consiga entender o motivo delas surgirem. Amanhã haverá outro dia. Mas o problema é: haverá mesmo? Estamos tão convencidos que sim, damos a vida por tão certa que às vezes me pergunto se isso não será presunção nossa. Achar que a vida vai estar sempre ali à espera para ser vivida. São questões para as quais não tenho resposta. Provavelmente ninguém terá. Talvez seja a esperança, penso enquanto escrevo. Talvez a esperança de um amanhã melhor seja o que realmente nos mantém vivos, um dia após o outro.
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Hoje venho falar-vos sobre culpa. Esse fardo pesado que nos acompanha ao longo de toda a vida. Quem nunca sentiu culpa? Quantas vezes por dia sentimos culpa?
A culpa é tóxica e é inesgotável. Nunca deixamos de sentir culpa. No meu processo de cura e auto conhecimento sou convidada inúmeras vezes a olhar para dentro. A perceber o que sinto, de que forma o sinto e a deixar-me sentir. Sabendo que a culpa pode ser tanto consciente como inconsciente dou por mim a olhar para dentro e a procurar quando foi a primeira vez que senti culpa. Não é fácil voltar ao passado, ir fundo dentro de nós e procurar as nossas feridas causa muita dor. Mas é necessário. Hoje recolhi-me e procurei na minha criança interior quando terei sentido culpa pela primeira vez. E dou por mim a, mais uma vez, chegar ao mesmo sítio. À mesma pessoa. É como andar aos círculos, sabem? O meu pai. Mais uma vez o meu pai. Percebo agora que sempre me senti culpada por ele ter abandonado a minha mãe. Afinal de contas ele abandonou-a quando soube que ela me carregava dentro dela. Falar nisto leva-me a reagir. Reagir no sentido de querer gritar ao mundo (aos homens sobretudo, mas também a algumas mulheres) que nunca deviam abandonar os vossos filhos. Se soubessem o que isso causa numa criança e, posteriormente, na adulta em quem essa criança se torna, gosto de pensar que não o fariam. Mas enfim, não me é possível mudar o que já aconteceu. O que eu posso é perdoar. Pouco depois de criar o blogue escrevi sobre isso. Na altura achei, de verdade, que tinha perdoado o meu pai. Senti que o tinha perdoado. Mas precisava de ir muito mais fundo dentro de mim, conhecer-me melhor e ter a consciência que tenho agora de que o processo é muito longo e muito mais duro do que pensei. Sempre que olho para dentro, sempre que tento entender os meus sentimentos, as minhas emoções, a causa de determinadas atitudes que tive ao longo da vida, é a ele que chego. É à dor da rejeição que me acompanha desde pequena.
A culpa corrói-nos. E sentir culpa por tudo o que de mau aconteceu na vida da minha mãe é muito duro. Sentimos ainda mais dor quando achamos que o erro foi nosso, que a culpa é nossa e que a culpa de sentirmos culpa é nossa também.
Não sinto culpa apenas pelo que o meu pai fez. Esse é apenas o primeiro episódio que consigo ligar à sensação de culpa. Ao longo da vida a culpa acompanhou-me, como acredito que terá acompanhado cada um de vós. Afinal de contas todos somos humanos, todos erramos, todos sentimos dor. E é isso mesmo que devemos ter em mente quando sentimos culpa. Ter a certeza de que não somos especiais por isso, de que não somos apenas nós que nos sentimos assim.
Se sentimos culpa é porque achamos que errámos, mas se errámos, com certeza evoluímos, aprendemos, e se cometemos erros é porque estávamos a tentar algo diferente, algo novo. Mesmo quem não tenta algo novo, quem não tenta ser mais, acaba por errar, porque só o facto de não tentar é por si só um erro.
A vida é feita de erros e acertos. Às vezes acertamos, às vezes aprendemos. É preciso perdoar. Apenas perdoando os nossos erros conseguimos amenizar a culpa por tê-los cometido. Mas é preciso termos consciência de que nunca deixaremos de sentir culpa. A culpa irá sempre acompanhar-nos. Apenas temos que aprender a lidar com ela, aceitá-la, acolhê-la. É preciso olhar de frente para as nossas feridas. Dói, caramba se dói! Mas é necessário para o nosso crescimento.
Por isso vos digo: não tenham medo de sentir culpa. Não se sintam culpados por sentir culpa. E tenham sempre presente que a culpa nunca vai deixar de existir. Vez ou outra ela chega. Aprendam a aceitá-la como também eu estou a aprender. A vida é um constante processo de aprendizagem. E só aprendemos através do erro, mesmo que esses erros nos levem a sentir culpa. Somos seres falhos, mas somos também seres com uma enorme capacidade de aprendizagem e evolução. Que nunca percamos a esperença e a coragem para evoluir e nos tornarmos, cada vez mais, a pessoa que queremos ser.
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O mês de Maio foi uma correria. Foi o mês mais cansativo que me lembro de ter na vida. Sabem aquela velha máxima que diz: "quem corre por gosto não cansa"? Neste momento não poderia discordar mais, confesso. Sinto-me estourada, acho que é essa a expressão que melhor se adequa ao meu estado. E se é verdade que foi por um excelente motivo e que não me estou a queixar (não mesmo), é também verdade que durante um mês inteiro não tive um único minuto para dedicar a mim mesma e sei que isso não é bom.
Contudo, agora que as coisas estão a acalmar acredito que não irá demorar até que volte à minha rotina de treino, leitura, e claro, escrita. Julgo que desde que criei o blogue, o mês de Maio foi o único em que não escrevi absolutamente nada por aqui. E também acabei por não seguir aquilo que vocês, meus caros amigos, escreveram. Desculpem, mas dentro de pouco tempo acredito que volto a ter tempo para tudo.
Realizei um sonho. E como tal, embora esteja muito cansada, estou também muito feliz. Claro que vale a pena todo o cansaço. Assim como vale a pena todo o esforço para chegar até aqui.
Se vos puder dizer alguma coisa sobre sonhos, digo-vos que, realmente, nunca desistam dos vossos. Se conseguimos sonhar conseguimos, sim, realizar. Ninguém disse que seria fácil, mas com certeza, na vida não há impossíveis.
Até já meus amigos
Sejam felizes e nunca, mas nunca, deixem de lutar pelos vossos sonhos!
Vale sempre a pena...
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Já dizia Clarice Lispector:
"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas."
Quando passamos por períodos conturbados na nossa vida é difícil ver a vida de forma positiva. Frequentemente só conseguimos ver o que está mal, tudo sem cor e sem expectativas para o futuro.
Contudo, é bom que mesmo nesses momentos, sobretudo nesses momentos, tenhamos consciência que tudo passa. "O tempo cura tudo" é um cliché dos diabos. E nas nossas piores fases é chato ouvir quem nos rodeia dize-lo. Mas é, de facto, algo que se aproxima muito da verdade. E digo isto porque há dores que o tempo não cura. Dores profundas que nunca saram. Contudo, é verdade que com o passar do tempo elas amenizam. Deixam de doer tanto. Por vezes, de um dia para o outro, aprendemos a lidar com essa dor. Mas não foi a dor que desapareceu. Fomos nós que criámos uma forma de lidar com ela. Uma forma de a diminuir dentro de nós, de conviver diariamente com ela sem que nos seja tão dolorosa como antes.
É importante que nunca nos esqueçamos que, realmente, sempre existe outro dia.
É verdade, sim, que sempre existem outros sonhos.
Assim como é verdade que sempre existem outros risos. E outras pessoas. E até outras coisas.
Não podemos deixar de ter esperança num amanhã melhor. Não podemos deixar que a dor nos consuma. Nos corroa. Por maior que seja o nosso problema a solução passa sempre por nos amar-mos e respeitar-mos a nós próprios. Acreditando sempre que existe, sim, um futuro. Por muito longínqua e inalcançável que nos pareça estar a felicidade, ela acaba sempre por chegar.
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