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Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Coisas que eu [não te] disse

Tudo o que não consigo dizer, escrevo.

Ainda venho a tempo de desejar um feliz 2025?!

V de Viver, 17.02.25

Feliz Ano Novo a todo(as) que me lêem e que continuam por cá!

Já sou oficialmente mãe! A minha filha veio ao Mundo na data prevista do parto, no mês de aniversário da mãe e nasceu saudável e estamos perdidamente apaixonados e... cansados! Sim, o pós-parto não é tão cor de rosa como se vê partilhado nas redes sociais da vida, contudo isto será tema para outro dia. 

Hoje venho apenas "dar o ar da minha graça", dizer-vos que planeie textos para publicar no Natal e no final do ano, mas com um recém nascido em casa a verdade é que não tive oportunidade de o fazer. 

No dia do nascimento da minha filha nasceu não apenas uma filha mas também uma mãe. Nestes meses percebi a mudança que ocorreu em mim após o nascimento da minha bebé, não sou mais a mesma e tem sido um processo de transformação e aceitação rodeado de amor mas também de muita dor e cansaço. Prometo escrever sobre tudo isto e vir aqui partilhar convosco.

Espero de coração que todos os que por aqui passam estejam bem. Não pretendo desistir do blogue, contudo neste momento não tenho energia nem tempo para me dedicar a 100%. Não é novidade por aqui que eu fui aparecendo e desaparecendo ao longo dos últimos anos e, provavelmente, será assim mais uma vez durante este ano. 

Um grande obrigada a todo(as) que continuam a passar por aqui e a deixar-me comentários. 

Quase, quase...

V de Viver, 22.10.24

Estamos na reta final para me tornar mãe!

Sim, eu sei! Já vos contei isto, já vos falei sobre isto! Desculpem mas é a coisa mais grandiosa que já fiz na vida, por isso estou mesmo entusiasmada, orgulhosa, feliz e completamente preenchida de amor! 

Todos nós que tivémos ou temos uma mãe sabemos que, embora seja uma palavra pequenina, tem uma imensidão em significado. 

E agora estou prestes a tornar-me uma. Aliás, não agora. No dia em que descobri que estava grávida. Um dia emocionante, assustador, avassalador. Tudo mudou desde aquele momento. Talvez tenha começado a mudar ainda umas horas antes do teste positivo, quando acordei a meio da noite, sem qualquer sintoma ou atraso da menstruação e pensei "de manhã devia fazer um teste de gravidez". Porque eu já sabia, juro-vos que sim, naquele momento eu já sabia que tinha o mundo dentro de mim.

O caminho tem sido agradável, mas não perfeito. Uns sustos pelo meio, umas idas às urgências (que estão uma vergonha, um caos, mas isso será tema para outro dia quem sabe). Enfim, tudo o que a vida achou por bem enviar para nos preparar. 

No momento que escrevo este texto estamos quase na reta final. Estou grávida há aproximadamente 270 dias.

A única coisa que posso dizer é que foram dias de puro amor e...preocupação! Sim, quem já é mãe com certeza sabe. Desde o primeiro dia que a nossa maior preocupação é se está tudo bem com o bebé. É todo o santo dia um surto diferente, uma preocupação nova. 

A gravidez foi um dos maiores processos psicológicos que vivi. É realmente desafiante o não ter controlo sobre o que se passa dentro de nós, e por vezes até não ter controlo no nosso corpo. Mas é uma milagre. Sim, a gravidez é um milagre. 

Sentir um bebé dentro de nós, uma semente que aos poucos ganha vida, que "de um dia para o outro" começa a dar pontapés, sentir o borbulhar na barriga, sentir o mundo todo dentro de nós. É lindo. E muito emocionante.

A chegar ao fim da gravidez posso dizer-vos que foi uma excelente experiência acima de tudo. Algo que nos muda, que nos faz ver a vida com outros olhos, que nos faz mudar os nossos objetivos, não todos mas quase! 

Após o parto, com um recém nascido em casa, não sei o tempo que terei para vir aqui. Mas não podia deixar de partilhar mais este texto convosco antes do grande dia! Talvez passe por cá antes, talvez não. Mas com certeza virei dar novidades após o nascimento, só não sei quanto tempo após! 

Tal como todos os momentos mais marcantes da minha vida este, que não duvido que será O momento da minha vida, também terá o seu destaque por aqui. 

Torçam por mim, torçam por nós!

E, mais uma vez, obrigado a todos por me lerem, por continuarem por cá, e obrigada também aos que foram chegando estes dias. Grata a todos pela vossa presença! 

Um beijinho, V. 

 

Voar

V de Viver, 30.07.20

Hoje, depois de ter mergulhado na água salgada, e após um banho relaxante, peguei no livro "Sagrado Feminino" da Inês Gaya. Logo a primeira impressão que o livro nos transmite é a de que vamos encontrar algo. Algo nosso, dentro de nós, perdido ou esquecido. Contudo, nada vos posso falar acerca do livro pois ainda só li a introdução. E não foi preciso passar daí para logo ser assolada por algo que eu sei que me incomoda, já há algum tempo, mas que teimo em reprimir. A Inês descreve o livro como sendo para todas as mulheres. E foi, justamente, nesse parágrafo, quando li a palavra mãe, que algo quis, novamente, emergir. Alguns minutos antes de começar a ler o livro falei com a minha mãe. Hoje ela vai a uma consulta. Nada grave, felizmente. No entanto, é ainda mais nesses momentos, que sinto que estou a falhar como filha. Após a minha escolha de vir viver para o Algarve, por vezes sinto que falho à minha mãe por não estar mais presente na vida dela. Mas não me interpretem mal. Falo com a minha mãe três ou quatro vezes por dia. Por vezes, mais. Mas refiro-me a estar lá. Presente fisicamente. Refiro-me a não a acompanhar a consultas, não lhe pegar na mão, não a beijar e abraçar diariamente. Às vezes tenho medo. Medo que lhe aconteça alguma coisa e eu não esteja lá para a apoiar no exacto momento em que ela precisar. Medo de não lhe amparar a queda, como elas fez comigo inúmeras vezes. Medo que o tempo que demora uma viagem de 200km possa ser longo demais. 

O medo não é bom. Consome-nos, devagarinho. Eu não penso nisto a toda a hora. Mas por vezes, como hoje, sinto-me uma péssima filha. Péssima por não retribuir, diariamente, tudo o que ela fez por mim, por não a abraçar e beijar todos os dias como ela fez comigo enquanto vivi com ela. Receio um dia olhar para trás e ver que fiz a escolha errada. Que podia ter escolhido viver no Alentejo, perto dela. Receio estar a ser egoísta ao querer viver aqui. Contudo, sei que precisava afastar-me. Fui muito feliz no Alentejo, minha terra natal. Mas tudo o que nos faz muito felizes pode, no reverso, fazer-nos muito infelizes. E é assim que olho para a minha vida no Alentejo. Foi, sem dúvida, um privilégio viver a maior parte da minha vida ali, no meio da Natureza. Mas toda a minha infância, adolescência e entrada na vida adulta foi um percurso de extremos. Fui de um extremo ao outro várias vezes e, quando consegui, fugi!

Mas o problema de fugir do que me fez infeliz foi que me levou a afastar daquilo que me fez feliz. 

A minha família. A minha mãe. A minha irmã. Ficaram lá. E eu, por aqui vou vivendo. Por vezes surgem estes episódios de sensação de fracasso enquanto filha mas sei que a minha mãe se orgulha tanto de mim como eu dela. Provavelmente mais. Não tenho como saber quais são os sentimentos de uma mãe porque não o sou. Mas por vezes sinto-me mal por estar longe. Sinto vontade de largar tudo e correr para os braços da minha mãe. Quando penso no tempo que estou a viver fisicamente afastada dela, apodera-se de mim um medo irracional de a perder. Mas sei, no entanto, que todo o "rasgar" de cordão umbilical é necessário. Sei que foi o facto de vir para longe que me moldou, tornando-me quem sou agora, além de todos os ensinamentos transmitidos pela minha mãe. É preciso voar. E para voar é preciso sair do ninho. O que não significa que isso seja fácil, simples ou indolor. Contudo...quem disse que o caminho seria fácil?