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Tudo o que não consigo dizer, escrevo.
Tudo o que não consigo dizer, escrevo.
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É à noite que a saudade me dói mais. Quando pouso a cabeça na almofada vejo a vida passar-me diante dos olhos, como um filme em replay. Erros. Acertos. Lutas. Conquistas. Derrotas. Pessoas. A nossa vida não é igual sem pessoas. Por muito que alguém goste da solitude, ninguém gosta da solidão. Mas é à noite que ela mais se sente. Quando te deitas numa cama que nem sempre foi assim tão grande. Mas não foi o tamanho da cama que mudou, é o vazio que alguém lá deixou ao ir embora. Como aquele buraco vazio que se sente no peito, como se um espaço tivesse em branco quando até há pouco tempo estava recheado de cor. É à noite que fazes o balanço do dia. Que analisas o que fizeste, o que deixaste por fazer. O que disseste e o que deixaste por dizer. À noite quando aquela mensagem não chega. Aquela que esperavas todas as noites quando a presença não era opção. É muito fácil habituares-te a esse tipo de carinho. Difícil é adaptares-te à sua ausência. À noite, enquanto dás voltas e voltas constatando, mais que uma vez, que a cama não parecia tão grande há uns tempos atrás, pensas em como tudo na vida é passageiro. Em como tudo é incerto. Em como as pessoas vêm e vão com tanta facilidade. Cada um a viver as suas vidas. A tentar chegar à sua melhor versão. A querer ser melhor. A curar as suas feridas. E sabes, nesse momento enquanto as lágrimas se te assomam aos olhos, que não podes fazer nada quanto a isso. Que a nossa vida é como uma estação de comboio. Uma constante de chegadas e partidas. Que cada um tem, sim, que fazer o seu percurso. Que não podes, nem deves, prender ninguém. Que nem sempre os outros vão querer o mesmo que tu e que, mesmo quando dizem querer, podem de um momento para o outro mudar de ideias. Pouso a cabeça na almofada depois de mais uma volta na cama. Fecho os olhos. E imagino-me em outra cama, outro quarto, outra casa, outro país, porque não? Lá não estou sozinha. Lá a cama não é tão grande porque ao meu lado, a aquecer-me o corpo e alma está outra pessoa. Aquela pessoa. Todos temos uma pessoa que é aquela pessoa. E todos temos em nós o poder de fechar os olhos e imaginarmo-nos enroscados nos braços daquela pessoa. E aí respiramos fundo. Sorrimos. E, em paz, dormimos um sono mais tranquilo, mais doce e mais quente. Porque enquanto podermos sonhar, enquanto tivermos em nós o poder de imaginar a nossa vida de outra forma, conseguimos ter tudo. Por um segundo. Na nossa imaginação.
Fotografia:@google
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Cabeça cheia. Solidão da noite. Lua que me ilumina, lágrimas que brotam mas não correm. Não sei até quando aguento. Não sei até quando suporto. Esta dor que dói miudinha. Dor que disfarço com sorrisos falsos. Ninguém sabe. Silencia. Ninguém sabe as tuas dores. Ninguém sabe as minhas. Ninguém iria compreendê-las, de qualquer forma. Eles ouvem-te mas não te escutam. Ninguém quer saber. Não choro cá fora. Não consigo. Choro por dentro. Lá onde dói mais. Mais um fim de dia. Mais um pôr do sol. Mais uma lua. Mais uma noite de solidão. Gritos silenciosos. Tanto barulho cá dentro. Na minha solidão da noite. Aquela que disfarço com os sorrisos do dia. Grita mais a música que escutas ou o que sentes por dentro?
Ninguém ouve
Ninguém vê.
Só tu sabes.
Só tu vês.
Só tu escutas.
Mas também, só tu percebes.
Todos te olham. Alguns admiram-te. Dizem que és forte. És a maior. Soubessem eles o que tens dentro e jamais te chamariam a rainha da alegria. A princesa dos sorrisos. Mas tu sabes, eles não têm culpa. Disfarças bem. Sorris a todos. Sorris sempre, enquanto por dentro choras.
Não. Não me lamento. Deixo apenas as emoções fluírem aqui. Nas pontas dos dedos correm tão rápido os sentimentos como os gritos que se me gritam no peito. Onde estou? Para onde vou? Sozinha. Sempre sozinha.
Mas não era isto que tu querias?
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